Páginas

5 de set. de 2015

O valor de um doce de abóbora




Entre as coisas mais prazerosas e saudosas, os doces caseiros que comia na infância tem um lugar especial na memória. Num tempo em que as mulheres tinham mais tempo para fazer esses carinhos para a família, não sei se era uma demonstração de afeto reconhecida e valorizada, mas para muitos está no imaginário das delícias de suas memórias.De qualquer forma não dizem que afeto deve ser espontâneo, sem nada a esperar em troca? Questionável,mas não vem ao caso...Ou vem?


No começo de agosto comi um doce de abóbora tão maravilhoso, igual só mesmo o de minha tia madrinha, Margarida. Já havia tentado fazer, mas só ficava bom aquele em pedaços grandes feitos com cal para cristalizá-los (ou não). Também vi em um blog um doce feito com a casca que pareceu maravilhoso, tudo conspirava para eu fazer essa delícia de doce típico brasileiro.


Fui à feira e comprei 2k de abóbora por R$7,00, é muito barato, não é mesmo?! Estava falando com o vendedor, as pessoas reclamam do preço da feira, mas não reclamam ao pagar uma latinha de cerveja (valorizo muito, adoro)ou a fortuna da picanha para o churrasco...Mas cada um dá valor para o que quer e pode.


Bom, voltando ao doce, com as dicas da minha sogra que era abóbora bem picadinha e deixada no açúcar de um dia para o outro, lá fui eu me arriscar e não é que ficou bom, não tão bom quanto o da tia Sonia, mas diria que bateu na trave e por ser a primeira vez gostei muito do resultado, sem contar que o filho que não é muito chegado nesse tipo de doce gostou!


Rendimento: 1k de doce com sabor de infância

Custo: R$10,00

Tempo de preparo: Muita paciência e dedicação

Uso: Deliciar-se, reativar memórias e gerar novas.

Valor: Depende do conceito de valor.

Modo de fazer:


Comprei na feira (feira é bem mais descontraído que mercado, cheia de vida) abóbora daquela de pescoço (não me pergunte o nome) fresquinha, lavei, descasquei, piquei em quadradinhos bem miúdos e lavei novamente.

Em uma panela grande coloquei açúcar (usei o cristal, quase 1k) para caramelizar, quando estava douradinho (não queimado) coloquei a abóbora, cravos, um ramo de canela e tampei. Deixei um tempinho para a abóbora soltar água e amolecer aquele açúcar do fundo. De vez em quando dei uma mexida com cuidado para não virar doce moído. Quando já estava com bastante líquido, desliguei e deixe descansar umas 3 horas. Levei novamente ao fogo e deixei apurar mais um tempo, revolvendo de novo para ficar bem uniforme. Desliguei o fogo e só no outro dia liguei novamente repetindo o processo de mexer. Acho que essa última etapa levou quase 3 horas até começar a querer secar e ficar bem moreninho. Os tempos não estão exatos pois fiz no "olho" mesmo, mexendo quando sentia necessidade.
Pronto, só deixar esfriar e comer!

Quanto mais velho,mais gostoso fica!



Como gostaria de ter meu pai e minha avó vivos para poder oferecer a eles que amavam esse doce com um queijim mineiro...


Não é difícil, mas é preciso atenção e é demorado, mas vale a pena!

E o preço desse tipo de doces? Não existe! Para mim pelo menos, não!



Dalva Rodrigues