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16 de nov. de 2014

Trem da Vida

Minha vida era um trem
Surgia entre as montanhas
Rompendo as névoas da manhã
De encontro ao céu azulado
E suas nuvens de algodão.

Minha vida era um trem
Percorria o vilarejo alegre
Assistia encabulado o beijo dos namorados
Chorava as lágrimas da mãe na partida do filho amado
Respondia sorridente o adeus da meninada
Piuí, piuí, piuí...

Minha vida era um trem...
Estacionou no fim da linha enferrujada
Tem como lembrança os caminhos floridos
As estações, suas plataformas
O povo, pipoca, algodão doce e picolé.

Hoje o trem me leva
Quando posso sento no canto
Calada
Pela janela vejo a cidade passar:
Concreto estático que grita uma prece aos céus
Árvores secas que teimam em florir, roubam-me um sorriso
Carros e motos disputam espaço
Som de buzinas, fumaça 
Uns dias têm nuvens negras que não desabam
E quando o fazem, alagam o solo árido com  lágrimas
Outros dias o azul se faz presente
Mas as nuvens agora cinzas não são mais de algodão
A noite chega de mansinho para roubar a tarde
No belo e irônico horizonte poluído
A cidade passa 

Olho para dentro

Metrô Penha - SP

O trem nos leva
Procuro não prestar atenção nos passageiros
Cada um conectado em sua nuvem artificial
Tudo é solidão.
Até eu.
Consolo?
Minha nuvem é musical
Aumento o som
Fecho os olhos e embarco
Vejo-me trem.


Dalva Rodrigues 


Música para ouvir no trem


25 de out. de 2014

A nova família feliz

Política à parte tenho visto muito as pessoas compartilharem (ou comentarem) fotos do candidato Aécio com sua jovem esposa e seus bebês gêmeos, muito lindinhos realmente, capa de revista, uma perfeita família de comercial de margarina light em uma linda cozinha ensolarada numa manhã de domingo

Só não posso deixar de observar a hipocrisia que vejo em muitos desses comentários.

Vejo o tempo todo as pessoas, principalmente mulheres postando sobre famílias estruturadas, fidelidade ser uma questão de escolha, caráter, que um homem bom não deveria deixar a esposa/ namorada,  que é lindo um casal viver junto até ficarem velhinhos, que o corpo envelhece, mas o homem sábio valoriza a mulher madura que tem, que homem que troca de mulher/namorada com frequência não é lá boa coisa, homem que bate em mulher então...um absurdo.

Vejo as pessoas criticarem as mulheres  que fazem "carreira fácil" por seus rostinhos e corpos perfeitos, criticarem as "maria-chuteiras", as beldades (segundo os comentários, piranhas!) do BBB  que se dão bem, criticarem as modelos que se casam  com empresários ricos e  mais velhos

E daí vem as paixões das eleições e vejo a mulherada achando lindo e maravilhoso o casal que possivelmente subirá a rampa do planalto. Um Aécio que terminou (ou terminaram com ele) um casamento com alguém da faixa etária dele, baladeiro de plantão, envolveu-se com várias beldades famosas, sempre mais jovens e lindas como  é de conhecimento de todos até que resolveu casar com uma delas, uma modelo quase 20 anos mais jovem que ele e formar uma outra família.
Dela pouco se sabe a não ser que é modelo e não está mais trabalhando na área.

Nada contra o comportamento deles, mesmo porque nunca banquei a moralista no Facebook nem na vida.

Li comentários dizendo que agora sim teremos uma primeira dama que merecemos...Fico pensando, mas como se as  pessoas colocavam Ruth Cardoso no altar por sua grande cultura e trabalho social elogiável e criticavam a primeira dama Marisa Letícia por não se engajar em obras sociais, por ser uma dona de casa? Acho que houve uma mudança muito grande que não estou entendendo...

Se não é hipocrisia, será que as pessoas mudaram seus conceitos ou é só por causa da eleição e do candidato de suas ilusões? Será que se amanhã seus homens acharem uma novinha pra curtir e quem sabe fazer uma nova linda família "margarina", tá tudo ok?

É...não deve ser hipocrisia, deve ser uma nova visão, faz parte da mudança que tanto falam...novos tempos, novas ideias, novas mentalidades, mentes mais abertas para tudo, até p  o velho conceito de "família feliz".

Realmente é o candidato da mudança, não dá para negar! Representa uma parcela muito grande.







14 de set. de 2014

Um conto de amor

 Aos 45 do segundo tempo minha participação na blogagem coletiva:
 Espalhe Amor em Seu Blog - da Elaine Gaspareto do Blog Um Pouco de Mim. O link tá no final!

 Um conto de amor

Sentada no banco vazio do grande quintal a senhora com um sorriso nos lábios estava em silêncio.
Ao seu lado a sacola estava vazia, mas seu coração transbordava de amor. A solidão não lhe importava mais,  os momentos que acabara de viver ainda eram tão vivos que ouvia o som. Levantou-se com dificuldade e pôs-se a caminhar lentamente para casa ouvindo mentalmente as risadas das crianças....barulho de vida, sonhos, esperança.

...

Desde menina fora muito inteligente e proclamada por todos como a melhor em tudo, mas isso não lhe rendera laços  de afeto suficientes para que as pessoas queridas ficassem junto dela, ao contrário, por no fundo sentir-se melhor que todos, acabava afastando a todos depois de um breve tempo.  Mas isso não tinha importância naquele momento, a vida era longa e não faltava pessoas interessantes para preencher o espaço de pessoa tão culta e interessante como ela.

No entanto o tempo não tem dó, passa. Amores passaram, amigos passaram, pais se foram, família distanciou-se, todos formaram suas famílias ou laços...A vida até então tão prazerosa lhe parecia vazia, sentia-se cansada, já chegara aos sessenta anos, cansou das viagens principalmente agora que eram cada vez mais solitárias, não sentia a euforia da partida, muito menos o conforto da volta, cansou das tardes vazias, sem abraços, sem risos, sem brindes...O que sobrou lhe parecia tão sem alma, talvez ela nunca tenha prestado atenção nesta ausência.

E assim a senhora desistira do mundo, pouco saia do apartamento, vivia imersa em seus livros, recebia o contador uma vez por mês, resistia bravamente a falar com a falante moça que fazia limpeza há anos em seu apartamento de luxo; cada vez mais se isolava, nem mesmo no mundo virtual conseguia se sentir doando ou recebendo afeto genuíno, como não fora acostumada a ele não sentia  vontade de interagir com outras pessoas, muito menos de outras classes sociais.

Certa manhã  Jandira - moça da limpeza - apesar de não ser copeira já se acostumara e lhe servir o lanche da manhã e junto ao copo de suco deixou um pequeno embrulho com um laço de fita  bem bonito e um cartãozinho.

A senhora ergueu os olhos por sobre os óculos como a perguntar: O que é isso?

-É para a senhora!

Abaixou os olhos e leu: Este coração é seu!

Largou o livro e com as mãos suavemente enrugadas abriu o pacote...Um delicado coração/sachê de tecido floral ornado de renda apareceu, vinha acompanhado de um cartãozinho: Para lembrar que sem doação o amor não existe!

Jandira explicou sobre a campanha Espalhe Amor Por Aí, que ela e algumas amigas se juntaram na comunidade  para confeccionar vários corações para distribuírem para as pessoas e quem sabe despertar um pouco de amor e gentileza no coração delas.

Algo tocara em sua alma, segurou firmemente o coração nas mãos e inesperadamente com um sorriso agradeceu a moça que pela primeira vez em tantos anos sentira ternura em seu olhar e no agradecimento.

Levantou-se com sua joia nas mãos, correu os olhos pela sala repleta de fotografias, recordações de momentos maravilhosos que vivera...Ela estava sozinha, todos se foram.
Naquele instante decidiu que abriria seu coração pela primeira vez para doá-lo. 

Jandira a ajudou, apresentou-a à comunidade, outra realidade,  onde conheceu outras pessoas e aprendeu a fazer corações e bonecas de tecido, quadradinhos de crochê para mantas...
E assim seus dias se preencheram, já não sentia solidão, de vez em quando juntava suas prendas feitas com tanto carinho e levava em um orfanato onde passava o dia com crianças ávidas por afeto. 

Lá ela aprendeu que quem nunca doou, nunca amou verdadeiramente, na melhor das hipóteses, recebeu.

Alguém espalhou amor.


Dalva Rodrigues 




A Elaine prorrogou para dia 20/09 a blogagem coletiva, quer falar de amor? Clique no link e veja como participar e ainda ganhar um coração!

Divitae


17 de ago. de 2014

A lógica da consciência política nas redes sociais.

Durante meses a gente lê as pessoas metendo o "pau" no PT, na Dilma, na Copa, no Bolsa Família, no Lula, em Cuba e seus médicos, que o PT quer transformar o país em comunista, socialista...blablabla...
 

Já que acabou a Copa do Mundo comprada que perdemos, então daríamos a resposta nas urnas em outubro, embora quase ninguém tenha descido do muro para pronunciar que voto seria esse.

Mas eis que as coisas mudam e segundo mais uma teoria da conspiração tão usuais nos tempos de redes sociais, um candidato (pouquíssimo mencionado) a presidência que "teoricamente"  era de um partido SOCIALISTA (PSB), o PT pode ter, digamos, providenciado a morte de 7 pessoas e colocado a vida de muitos outros em risco, para o quê mesmo?

Agora o sonho de transformação do  Brasil seria o candidato "socialista" morto que fez crescer a economia em Pernambuco, mas que deixou as contas públicas em vermelho, que aumentaria o número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família que tanto amamos.



E lá vamos nós povo politizado, no velório do Salvador da Pátria vaiar num ato político a presidente em uma cerimônia fúnebre, zombar do fisionomia carrancuda da pessoa já que ela insiste em não trocar a face com a qual nasceu...

E petistas também, questionando caras e bocas e politicagem no velório.

Que cenário mais triste...

Alguém me explica a lógica disso tudo? 




27 de jul. de 2014

Poema para um dia frio


Um dia para viver...


A janela se abre
O sol se infiltra pela cortina transparente

Luz para meu olhar.
Amo a trégua dos momentos difíceis
A possibilidade de existir.

Amo as canções que agitam os membros
As pernas frágeis que tímidas bailam.
Amo o calor morno do agasalho em tarde gelada.
Amo a sopa fumegante que revigora a matéria.



Amo a água aquecida.
Amo o pijama quentinho em contato com a cama fria
Aconchego para ossos extenuados.
Amo a calada da noite

Que traz um dia riscado.
Amo a música baixinha que embala memórias doces
Pensamentos rebeldes.
Amo o sono que chega de mansinho

Só eu e o travesseiro.

Acordo e amo a manhã
Que rebenta no horizonte.
Traz lábios que sorvem cores quentes
O frescor.
Promessas.
Um dia de calor.



Dalva Rodrigues



25 de mai. de 2014

Ronaldo, a Copa e verdades.

Curioso como a opinião do ex craque da seleção -  Ronaldo - membro do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo repercutiu.

A fala dele:

"E de repente chega aqui é essa burocracia toda, uma confusão, um disse me disse, são os atrasos. É uma pena. Eu me sinto envergonhado, porque é o meu país, o país que eu amo, e a gente não podia estar passando essa imagem para fora."

Não digo que foi politicamente correto dizer isso, no entanto ele não falou nenhuma mentira, apenas verdades, tudo foi deixado para última hora, improvisos, obras de mobilidade inacabadas nos arredores dos estádios, em aeroportos, problemas de telefonia....São muitas incertezas.
Moro perto do Itaquerão e é impressionante o que agilizaram para chegar neste resultado em tão pouco tempo, sendo que havia tanto tempo para ser feito com planejamento e tranquilidade e quem sabe até ter evitado as mortes ocorridas.

Não sei o que acontece, mas as pessoas em geral não sabem lidar com a verdade; até o óbvio é questionável e causa indignação quando escancarado. Ao invés de indignação pelas palavras do ex craque porque não admitir a falha? Sim, erramos, poderíamos ter começado bem antes, termos planejado melhor e já termos  entregue tudo há tempos, com toda segurança de que seria um sucesso, no entanto diante da realidade estamos fazendo o máximo para tudo dar certo. Não seria mais digno e bonito? Mas não, os responsáveis continuam GARANTINDO que será um sucesso mesmo com tantas incertezas e gambiarras aqui e acolá e insinuam que Ronaldo é que não é patriota. Oremos então para que tudo dê certo.

Muitos que até outro dia bradavam contra o Mundial nas redes sociais agora também estão crucificando o ex jogador pelas verdades ditas...Não entendo.

E é assim na vida, se uma criança acompanhada dos pais joga papel no chão e você for orientá-la...já sabe o que acontecerá, não é mesmo?
 

A verdade sempre dói, principalmente quando ela nos atinge, fere o ego.  
Gera defesas insensatas, mas apaixonadas.

Sempre achei que o Brasil não deveria sediar o evento, mas a partir do momento que foi escolhido, torço para que tudo acabe bem, de preferência com a taça na mão, mas isso não me impede de discernir o que é verdade e o que é mentira.


Os que acreditam na Copa como o causador de todos os males do Brasil (sem nunca ter participado de uma passeata) será que irão assistir, comemorar, soltar fogos, postar fotos nas redes sociais? Tenho minhas dúvidas, cada um é livre até mesmo para ser incoerente. Cada um com sua verdade.

Assistirei e torcerei pela seleção.
A Copa do Mundo vai passar, essa é a verdade...de todos.
E o poeta diria: E depois, Jose?










9 de mar. de 2014

Uma história de bonecas



Serafina nem existia
Mesmo assim era persistente
Insistia que queria ser menina:
Ter pernas finas
Um lindo vestido florido
Correr pelos campos
Muitas flores poder colher.

Um dia a moça se inspirou
Largou o Tacho na cozinha.
Pegou linhas, tecidos e carinho:
De suas mãos nascia Serafina:
Uma linda  bonequinha.

Serafina era feliz
Mas queria ser menina de verdade
Ter uma amiga para olhar as estrelas
Brincar de roda, cantar.
Apesar de sonhadora
Era esperta.
Enquanto não virava menina
Nem tinha uma amiga
Brincava sozinha.

O tempo passou
Outro sonho se realizou.
A moça novamente se inspirou
E a doce Rosa criou.

Era formosa e esguia
Nos cabelos, uma rosa.
Gostava de artes
Brincava com tintas
Usava avental de bolinhas.
E toda vez que pintava
Ficava tão contente
Que depois corria pular amarelinha.

Num lindo sonho de bonecas
Serafina e Rosa se encontraram
Uma linda amizade brotou.
Para a pequena Serafina
Ser menina de verdade já não importava.
Mil aventuras viveram
 
Com os livros viajaram
E nunca morreram:
Tornaram-se memórias
Da menina de verdade
Que brincava com elas
Bonecas pelo chão
E muita imaginação. 





Quando ganhei minha primeira Pepa, lá do Tacho  dei o nome de Serafina por causa das pernas finas, lembrei do nome Serafina Rosa, personagem da Marília Pera na novela "Uma Rosa Com Amor". E agora que ganhei a outra bonequinha, não pensei 2 vezes assim que a vi pessoalmente: Rosa!
Serafina Rosa e Claude - 1972/3
Que a criança em nós nunca morra e a saudade  venha sempre acompanhada de um sorriso.
Obrigada pelo carinho, Lia e Virginia!!

Dalva Rodrigues




9 de fev. de 2014

Sobre porões e céus


Eram tempos de morte...
Ao toque da sirene todos se apressam em busca do abrigo  escuro que os receberiam, o porão abraçava-os como se tivesse os braços da morte convidando-os para o leito potencialmente fúnebre àqueles que  ainda ansiavam por viver.
Silencio mortal, apenas respirações...

Quanto tempo se passará até o alívio da sirene quebrar o silêncio mortal? Haverá vida ou será o fim eterno sem tempo sequer para despedidas? Talvez a despedida esteja nos olhares cansados  trocados no vácuo do porão.

Do silêncio brotou a voz de menina.
Seus lábios timidamente começam a narrar a história de um menino cujo sonho era crescer, enamorar-se, dançar as valsas mais belas olhando nos olhos da amada e um dia morrer velho, cansado, mas de viver.
A voz juvenil e doce embala a espera interminável dentro da escuridão,  refrigério para  aquelas almas presas no porão.

Lá fora o jovem que um dia fora menino sonhador fazia o caminho inverso. A noite fria de céu salpicado com estrelas o observava esgueirar-se de seu porão solitário, refúgio de vidas minadas.
A sirene era seu momento de liberdade, de encarar a morte percorrendo passos temerosos na calçada cinzenta.
Estaria vivo e feliz se nenhuma alma o visse. Timidamente deixou o penumbra, sentiu a beleza da luz noturna que iluminava a rua adormecida e seu desejo de viver.
Como era lindo aquele céu.


Poderia fundir sua alma nele, fechar os olhos, assim ouvir as estrelas o chamando, chamando...Era a voz da amada vindo do passado abandonado o convidando para bailar  entre elas, tendo como testemunha apenas a lua prateada.

Poderia  fechar o olhos, entregar-se à dama vestida de estrelas... à noite fria...Deixar-se morrer feliz na calçada fria, pôr um fim na angústia de sobreviver em tempos de guerra.
Relutou a tanta beleza, ouviu lá dentro de sua alma a voz da menina a chamá-lo.
Sorriu para as estrelas, não fechou os olhos.
Voltou para o refúgio no porão.

A sirene tocou, naquele dia ainda não se viram cinzas. 


Dalva Rodrigues


Fiz  esta crônica inspirada em algumas cenas do filme "A Menina que Roubava Livros".  Ainda não li o livro, mas recomendo o filme, emocionante!
A menina que roubava livros



25 de jan. de 2014

Rolando rolezinho para quê?

Assunto do momento é o tal rolezinho, um encontro marcado via redes sociais entre jovens da periferia com a finalidade de se encontrarem em shopping center.

Ok, é de direito do cidadão ir e vir, mas será que esses jovens não podem ir sozinhos, com seus amigos próximos, pais, namorados (as)? Qual a finalidade de se encontrar no shopping com uma "turminha" de centenas e até milhares de pessoas, que na maioria nem sequer se conhecem?

Que tipo de interação pode haver em um encontro assim? 
Assistir filmes juntinhos, educadamente quietos e comendo pipocas? 
Sentar na praça de alimentação para comer um lanche e bater papo, colocar as novidades em dia? 
Ou quem sabe precisam de ajuda da turminha para comprar o tênis cobiçado que custa o valor do seu salário (sim, ao contrário do que falam por aí, as pesquisas mostram que eles trabalham e até ajudam na renda familiar)?

Temos que ter bom senso, shopping não é lugar para encontros gigantescos ou  manifestações, por uma simples questão de segurança e conforto dos clientes, dos quais vocês jovens do tal rolezinho fazem parte como indivíduos. Mesmo que não haja a intenção de baderna, jovens juntos sempre provocam algazarra, imagine milhares "juntos" de repente causando tumulto num ambiente fechado, com crianças, idosos, deficientes físicos...

O governador do estado (SP) disse que isso é um fenômeno cultural (queria saber a origem dessa cultura) e que esses jovens devem ser ouvidos (mas não dentro de shopping, né governador). Penso que seria legal esses jovens fazer um role em frente (não dentro) ao palácio do governo para exigir políticas sociais que os contemplem.

Fenômeno cultural...As famílias são obrigadas a deixar de curtir seu lazer para respeitar a "cultura" desses jovens; não  podemos (pelo menos quem tem bom senso) levar nossas crianças para assistirem um filme, namorados não podem se encontrar neste local, turmas de amigos de verdade que sempre se encontraram neste tipo de local podem ser barrados pela segurança; jovens correm o risco de perder seus empregos uma vez que os lojistas terão prejuízo tendo que fechar suas lojas nos dias de maior movimento...

Tudo isso por causa do fenômeno cultural, criou-se o direito ao rolezinho "coletivão" em shopping center, em detrimento do direito a segurança e tranquilidade de todos os outros cidadãos.

Na minha juventude dar um rolê era sair com amigos, passear, ir em festas, bailes, cinemas, parques, ir à casa de outro amigo; bater papo na calçada ou no barzinho. 
Os tempos mudaram, hoje marcam encontros de blogueiros ou outros grupos virtuais, mas alugam salões, encontram-se em parques, bares, em casa de amigos ou mesmo em shopping, mas em um número adequado ao local. E os amigos vão para se conhecer, confraternizar, tornar real um convívio virtual que já pré existe mesmo que virtualmente.


Role entre AMIGOS anos 70


E alguns dizem que é preconceito, só porque são pobres não podem frequentar um shopping? Obs: quem escreveu este texto é da mesma classe social que os pobrezinhos menosprezados pela sociedade.

Então vamos pensar...


Ninguém é proibido de entrar em shopping, nunca foi, o que não pode acontecer são estes encontros (coletivos, que os normais são saudáveis) serem marcados pela internet em suas redes sociais, por sabe-se lá quem ou com que intenção por trás disso. Proíba e pronto, acabou!

Já pensou se a "moda" pega? Independente da intenção desses rolês abre-se um precedente para que punks, torcidas uniformizadas, skinheads, homofóbicos ou qualquer outro grupo faça o mesmo. O mal corta-se pela raiz antes que se perca o controle da situação, como está acontecendo com a  segurança pública neste país.

À vocês, jovens que participam desses "encontros", um desafio: 
Quer desafiar a sociedade indo ao shopping da burguesia ( shopping da zona leste não é de "bacana", não!) para se sentir aceito? Vá sozinho, vá com a turminha da sua rua, escola, trabalho, vá com a família, namorada (o).  
Ou será que vocês não têm "peito" pra encarar sozinhos a burguesia que vocês tanto almejam? 

Mostrem que são jovens inteligentes e não uns bobões manipuláveis que ao desrespeitarem  os outros desrespeitam a si mesmos.

E aos políticos, saiam de cima do muro e se posicionem perante a sociedade que vocês deveriam representar.


Dalva Rodrigues