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17 de jun. de 2012

PARADISE - Um Pequeno Conto em Prosa

Ela decidiu ficar ali, abriu mão dos voos que no fundo sempre tiveram algo de solitário, seja na espera ansiosa pela decolagem ou no pouso forçada de seus desejos de mulher apaixonada.
É bem verdade que não era o seu desejo, apenas uma questão óbvia de escolha sem outra opção...pés no chão.
Bagagem de mão, suas fantasias cabiam naquele pequeno espaço tão cheio de lembranças perfumadas.
Era seu saguão de um aeroporto sem aviões.
Olhou para os lados...tudo vazio ou pelo menos lhe parecia, tudo sem sentido neste concreto chão.
Uma mão lhe acenou se perdendo na multidão invisível.
Um rosto lhe sorriu e apagou-se diante do frio em seu olhar.
Solitária e segura caminhou para casa em silêncio, abriu portas e janelas.
Desfez a pequena bagagem...diversas vezes. Chorou...até que as lágrimas secaram.


Restou saudade daquelas viagens ao paraíso agora perdido no vazio.
Algumas vezes olha para o céu, fecha os olhos, sente um ligeiro calor na face e a brisa nervosa do vento que desarruma seus cabelos.
Lembranças invasivas lhe perturbam a alma e queimam o corpo, sonha como menina e fantasia como mulher, sente como se fossem as mãos do amado a lhe acariciar os cabelos, lábios, alçando-a ao perdido paraíso que ficou lá no céu de Agosto.
Abre os olhos...ou quem sabe seriam grades, que se abrem toda vez que ela fecha seus olhos...


Dalva Rodrigues



10 de jun. de 2012

Plaquinha Flowers

Esta gravura (da Gilian Demori Lopes) me surpreendeu no resultado, nem imaginava como usá-la e de repente lá estava ela se encaixando direitinho na madeira, no guardanapo do detalhe, nas cores e carimbo que queria usar...Gostei muito do resultado!


6 de jun. de 2012

A dor é sua?



De onde vem a necessidade de ver ou escancarar a dor alheia?
Ao ligar a TV e dar uma zapeada logo notamos que a violência é a "grande sacada" de temas para programas, noticiários, documentários, novelas, etc, tudo para alavancar audiência.
Fico abismada ao ver as câmeras mostrarem explicitamente pessoas atropeladas, sob ferragens, agonizando; pessoas passando dor em hospitais esperando atendimento, morrendo...; a dor de familiares em velórios e sepultamentos depois de uma tragédia...

Nas redes sociais as imagens também me chocam, não por mim, mas pelos retratados em sua intimidade em um momento de fragilidade...de uma dor que não é nossa e não temos o direito de divulgar! Aliás para mim, sem entender de leis, isto é crime por danos morais.
Animais, crianças e adultos mutilados, deformados, doentes, espancados, debilitados em seu momento de dor e sofrimento tendo a sua imagem exposta assim tão cruelmente ao mundo para ser curtida, compartilhada e...marcada quem sabe para sempre.

Violência existe e não há como ocultar, mas expor a imagem da dor diante da violência sofrida, ao meu ver é mais cruel ainda, me pergunto quem em sã consciência gostaria de ver a si, um filho ou neto seu exposto assim?
Alguns podem dizer que é para chamar a atenção da sociedade, mas sinceramente se isso resolvesse estaríamos vivendo em um paraíso sem criminosos com mentes tão perversas e insensíveis.

E depois quem joga Silent Hill, Resident Evil e outros games são chamados de psicopatas...
Não cabe a mim julgar as intenções de quem compactua com essa prática, mas vamos parar para pensar com carinho, refletir nossas atitudes. Diante da dor e sofrimento estamos completamente frágeis e tudo que precisamos é de afeto e compreensão.

Vamos eternizar uma imagem feliz, cheia de vida e esperança em dias de paz para que esta possa amenizar e superar o sofrimento de hoje.
Pense....Amanhã pode ser você estampado no Facebook...AGONIZANDO ou FELIZ.
O que você prefere?

Dalva Rodrigues